domingo, 12 de junho de 2011

Em tempo:

Ninguém perguntou, mas eu digo assim mesmo.
Porque Posts nos postes?
Por que acho postes uma coisa inerentemente urbana (já que é o assunto desse blog).
E por que achei o trocadilho bacana. Só isso.
Sem grandes elucubrações.

Poderia ser Vacas nas Vagas, Tijolos e Tremoços...sei lá.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um conto de dois cantos

Por quê um novo blog? Por quê começar de novo?

A idéia era (é ainda, na verdade) pensar e repensar uma idéia recorrente: a relação que temos com algo que nos é querido, frente à ausência desse bem-querer. De forma clara e límpida: minha relação com a cidade que mais amo, da qual já me ausentei por alguns anos anteriormente e da qual me encontro distante mais uma vez.

Sem falar em outras questões: a nostalgia sempre nos leva a observar algo por um viés torto; sempre vemos algo pelos olhos que temos hoje, quase desconsiderando a relação que tínhamos anteriormente. Algo que nos era profundamente desconfortável, passa a ser algo menor, visto à distância. “Passamos por aquilo”; ficou para trás, diminuiu sua relevância. Em contrapartida, algo bom acaba tomando vulto de imaculada perfeição, além de seu significado em outros tempos.

Confuso?

Explico.

Nasci e fui criado em São Paulo. Minha infância foi no bairro da Barra Funda, a pouquíssimos quarteirões do Minhocão. As primeiras – e mais marcantes – impressões de mundo que tive permanecem de certa forma até hoje; aquilo que para outros é feio, sujo, barulhento (poderia continuar enumerando adjetivos o dia inteiro, mas deixa para lá), para mim, esconde e revela – concomitantemente -, poesia.

Minha relação com a cidade, nesse sentido, acentuou-se com o passar dos anos, conforme fui desbravando sua geografia. Cada novo bairro conhecido, cada rua, cada avenida, padaria, banca de jornal, me trouxe cheiros, sons, texturas, que se tornavam cada vez mais marcantes. Conheci a noite, lugares bons e maus, andei sozinho e acompanhado. Mas sempre com um prazer crescente.

Morei alguns anos em Peruíbe, no litoral sul do estado. Dez mil habitantes na época, e acabei me tornando parte da paisagem humana da cidade. Era relativamente conhecido, por causa do meu trabalho na única (na época) emissora de rádio. As idas e vindas foram se espaçando cada vez mais, até que chegou o momento de voltar, jurando “nunca mais” (friso as aspas) deixar São Paulo.

Como já li em algum lugar, nunca mais dura pouco tempo. Ou algo assim.

E mais uma vez me mudei da cidade.

Mudei, e casei, nessa ordem.

Hoje moro numa cidade pequena e – desculpem-me os nativos pelo excesso de sinceridade – sem atrativos para mim.

Tá bom, vai; com poucos atrativos.

E essa questão ficou martelando em minha cabeça: o quê me incomoda tanto aqui? E do quê sinto tanta falta de lá? Estou tão cego pela saudade do que é conhecido, que me nego simplesmente a sequer entender o desconhecido?

Esse blog é sobre isso: uma tentativa de entender – e buscar – mais essa cidadezinha onde vivo, e ao mesmo tempo esmiuçar minha relação com São Paulo, à distância.

Quem sabe, com isso, entendo melhor as duas, e a mim também?

Vou ser menos formal daqui para frente, e espero ter companhia nesse passeio.

Vamos lá?

Pôr-do-sol

...me parece uma boa maneira de começar...